terça-feira, 29 de março de 2011

terça-feira, 22 de março de 2011

Para perceberes melhor a epopeia em estudo Os Lusíadas, de Luís de Camões, visualiza este documentário, em 5 partes, "Série Grandes Livros".

Episódios Presentes n'Os Lusíadas

Como sabes, n'Os Lusíadas existem diferentes episódios de acordo com os seus temas.
Para saberes mais, cicla em cada um deles: 

Episódios Mitológicos:
Concílio dos  Deuses no Olimpo
Concílio dos Deuses Marinhos

 Episódio Cavalheiresco:
Os Doze de Inglaterra

Episódios Bélicos:
Batalha de Ourique
Batalha do Salado
Batalha de Aljubarrota

Episódios Líricos:
A Fermosíssima Maria
Morte de Inês de Castro
Despedida do Restelo

Episódios Naturalistas:
Fogo de Santelmo e Tromba Marítima
Escorbuto
Tempestade

Episódios Simbólicos:
Velho do Restelo
Adamastor
Ilha dos Amores

A tempestade

A tempestade
Tendo deixado Melinde, a armada portuguesa continua a sua rota bem guarnecida de mantimentos e levando a bordo um piloto conhecedor daquelas paragens que o rei amigo lhe facultara. Os portugueses estão quase a chegar à Índia! Baco, apesar de todas as ciladas armadas aos portugueses, não consegue impedir que eles estejam a aproximar-se cada vez mais do seu objectivo. Então, num gesto de desespero, dirige-se ao reino de Neptuno e convence este Deus dos mares a desencadear uma tempestade que, duma vez por todas, arruine as esperanças dos portugueses.
E eis que numa noite calma em que a maior parte dos navegadores repousa e os que estavam de serviço se entretinham ouvindo histórias, são surpreeendidos por uma mudança súbita do tempo.

Aqui fica um vídeo com a declamação do episódio "A tempestade"

quinta-feira, 10 de março de 2011

Resumo do episódio O Adamastor

O Adamastor
"As naus portuguesas navegavam há cinco dias, estando junto do Cabo das Tormentas (futuro Cabo da Boa Esperança) quando subitamente aparece, perante o espanto dos marinheiros uma nuvem escura e imensa, que escondia o céu; o mar bramia e agitava-se, pressagiando uma ameaça terrível.
Desenha-se a imensa figura do Adamastor, gigante de aspecto horrendo e irado. O Poeta compara-o ao colosso de Rodes, não se poupando a adjectivos para a sua descrição. O monstro interpela os marinheiros aterrorizados, reduzidos pela sua presença avassaladora à dimensão de seres frágeis e indefesos. Censura-lhes a ambição, a constante procura do novo, a ousadia de invadirem domínios que jamais tinham sido atravessados.
Vasco da Gama enfrentando o próprio medo, ergue-se e frente àquela grandíssima estatura (59.5), ousa perguntar: Quem és tu? (49.3).O poeta mostra, com estes efeitos cenográficos e intensamente dramáticos, a sua concepção de valentia: herói não é aquele que não teme, mas o que supera o temor.
O gigante, irritado, profetiza a sua terrível vingança para os portugueses que ousarem por ali passar no futuro. Os segredos do mar nunca tinham sido a nenhum grande humano concedidos (42.3), e nem a coragem reconhecida do povo luso poderá alterar essa lei. Vasco da Gama fica a saber quais serão os destinos fatais de Pedro Álvares Cabral, Bartolomeu Dias, D. Francisco de Almeida e Manuel de Sousa Sepúlveda, com sua mulher e filhos, que irão morrer naquele local, a que D. João II dá o nome de Cabo da Boa Esperança.
Mas, diante da pergunta de Vasco da Gama, o Gigante muda o seu discurso. Explica que ele é o próprio Cabo Tormentoso, castigo que os deuses lhe deram pela sua paixão por Tétis, que o despreza. A cólera das suas primeiras palavras termina em lágrimas de dor. A nuvem negra desfaz-se, depois desta confidência.
O Adamastor condensa em si todos os medos que suscitava o Mar Tenebroso, com o imaginário domínio de forças sobrenaturais e maléficas. Mais um obstáculo vencido, à custa da coragem e inteligência de alguns Portugueses."

O Episódio das Despedidas em Belém

PRAIA DAS LÁGRIMAS
"No qual acto foi tanta a lágrima de todos, que neste dia tomou aquela praia posse das muitas que nela se derramam na partida das armadas que cada ano vão a estas partes que Vasco da Gama ia descobrir: de onde com razão lhe podemos chamar praia de lágrimas para os que vão e terra de prazer aos que vêm. E quando veio ao desfraldar das velas, que os mareantes, segundo seu uso, deram aquele alegre princípio de caminho, dizendo “boa viagem!”, – todolos que estavam na vista deles com uma piedosa humanidade dobraram estas lágrimas e começaram de os encomendar a Deus, e lançar juízos segundo o que cada um sentia daquela partida. Os navegantes, dado que com o fervor da obra e alvoroço daquela empresa embarcaram contentes, também, passado o termo do desferir das velas, vendo ficar em terra seus parentes e amigos e lembrando-lhe que sua viagem estava posta em esperança, e não em tempo certo nem lugar sabido, assim os acompanhavam em lágrimas como em o pensamento das cousas que em tam novos casos se representam na memória dos homens. Assi que, uns olhando para a terra, e outros para o mar, e juntamente todos ocupados em lágrimas e pensamento daquela incerta viagem, tanto estiveram prontos nisso té que os navios se alongaram do porto.
in, João de Barros, Ásia, Década I – Livro IV – Capítulo II

Análise_Cena_Desp_

A Batalha de Aljubarrota

Batalha de Aljubarrota – o «antes»

1. Quando o rei D. Fernando morreu, em 1383, a sua sucessora legítima era a sua única filha D. Beatriz.
2. O problema é que D. Beatriz era casada com D. João I, rei de Castela, o que podia pôr em risco a independência de Portugal em relação a Espanha, pois o nosso rei passaria a ser castelhano.
3. Assim, quando D. Beatriz se tornou rainha, os portugueses (os que tinham influência) não sabiam muito bem o que pensar. Uns aceitaram-na, mas outros não queriam obedecer-lhe.
4. D. Leonor Teles, a viúva do rei D. Fernando, aceitava bem esta situação, até porque era ela a regente do reino (a pessoa que reina em vez do rei - ou rainha).
5. Por seu turno, D. João, Mestre de Avis, meio-irmão de D. Fernando, era um dos portugueses que não queria D. Beatriz no trono.
6. Para enfraquecer o poder da rainha, D. João Mestre de Avis matou o Conde Andeiro, um castelhano que era o maior conselheiro de D. Leonor e que na verdade fazia a regência do trono por ela...
7. Com esta atitude, D. João Mestre de Avis ganhou o apoio do povo, da burguesia e de alguns nobres contra D. Beatriz.
8. Com medo do poder do Mestre de Avis, D. Leonor Teles pediu ajuda ao rei de Castela (ao genro) para impedir que D. Beatriz perdesse o trono.

Batalha de Aljubarrota – o cerco de Lisboa e a guerra

9. O rei de Castela também não gostou de ver a sua influência em Portugal ser diminuída, por isso mandou as suas tropas para Portugal e cercou Lisboa, onde estava D. João, Mestre de Avis.
10. O cerco de Lisboa foi um dos mais difíceis e longos da história de Portugal.
11. No entanto, as discussões entre o exército castelhano e a peste fizeram com que os portugueses não tivessem que se render...
12. Esta vitória deu ao Mestre de Avis uma notoriedade muito grande entre o povo português que o nomeou «defensor e regedor do reino».
13. Quem não gostou nada do novo ocupante do trono foram os castelhanos... E o rei de Castela ordenou uma nova invasão a Portugal.
14. O resultado foram várias batalhas entre os dois exércitos. Uma delas foi a batalha dos Atoleiros em 1384, o primeiro sítio onde se usou a "táctica do quadrado", que resultou muito bem!
15. A táctica do quadrado, que te explicaremos no próximo texto, era usada em "pequena" escala contra um exército proporcionalmente maior e foi inspirada nas tácticas de Alexandre Magno (retirada de um livro que D. Nuno Álvares Pereira tinha lido há pouco tempo).
16. Depois desta vitória portuguesa, as cortes de Coimbra decidiram, em Março de 1385, aclamar D. João Mestre de Avis como o novo rei de Portugal.
17. Assim terminou a Crise (de sucessão) de 1383-85.
18. Mas de todas as batalhas, a mais referida é a de Aljubarrota, no dia 14 de Agosto de 1385.

Batalha de Aljubarrota – a batalha

19. O grande herói desta batalha foi D. Nuno Álvares Pereira, um grande apoiante de D. João, Mestre de Avis, que decidiu não esperar em Lisboa pelos castelhanos e encontrar-se com eles a caminho de Leiria.
20. D. Nuno Álvares Pereira organizou um pequeno exército que combateu os castelhanos com besteiros e arqueiros a pé que formavam filas para derrubar os inimigos. Sabias que nesta batalha havia cavaleiros ingleses a ajudar o exército português?
21. D. Nuno aproveitou pequenas elevações do terreno, onde colocou arqueiros e besteiros. Mandou cavar fossos (chamados covas-de-lobo) disfarçados com folhas, para que os cavaleiros castelhanos lá caíssem.
22. Depois, dispôs as suas forças em três alas, sendo que uma delas (maior) ficava de reserva à retaguarda, comandada por D. João, Mestre de Avis.
23. À frente uma grande linha de soldados comandada pelo Condestável (D. Nuno) enfrentava de frente os castelhanos, dando-lhes a sensação de que estavam em vantagem.
24. A ala esquerda era a célebre ala dos namorados, que enfrentou bravamente os castelhanos, e a ala direita era conhecida por ala da madressilva, que, enquanto a primeira lutava, fazia chover flechas sobre o exército inimigo.
25. Quando os cavaleiros exército castelhano viram avançar os soldados portugueses a pé, recolheram um pouco as suas lanças, julgando que não seria necessário um esforço assim tão grande para os derrotar.
26. Imagina a sua surpresa quando as várias alas começaram a avançar e os rodearam!
27. Esta táctica militar, que ficou conhecida como a "táctica do quadrado", foi o segredo para a derrota dos castelhanos. Apesar da batalha sangrenta, as maiores perdas foram do exército castelhano que foi cercado de surpresa pelas tropas portuguesas.
28. O resultado foi a vitória dos portugueses frente a um exército muito superior, tanto em número como em armas!
29. Para teres uma ideia, os portugueses tinham 1700 lanças, 800 besteiros e 4000 peões; ao todo 6500 homens. Por seu turno, os castelhanos tinham 5000 lanças, 2000 cavalos, 8000 besteiros e 15 000 peões, num total de 30000 homens, com 700 carroças, milhares de animais carregando mantimentos e munições, 8000 cabeças de gado e muitos pajens e outra gente de serventia!
30. Esta batalha foi um marco muito importante na História de Portugal porque evitou que o País caísse nas mãos de Castela e perdesse a sua independência.

  • O resumo do episódio A Batalha de Aljubarrota, pode ser lido aqui

O Episódio de Inês de Castro

Inês_Castro_historia_e_lenda_análise estrofes

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A História de Inês de Castro


D. Pedro e D. Inês
Depois da decisão de Júpiter (no Consílio dos Deuses a armada de vasco da Gama enfrenta ainda alguns obstáculos, mas, com a ajuda de Vénus e o consentimento de Júpiter, chega a Melinde, onde é magnificamente recebida. El-rei de Melinde visita Gama e pede-lhe que lhe fale da História de Portugal (Canto II). Gama acede ao seu pedido e dá início à narração (Canto III). Entre os vários episódios da História de Portugal, relatou o de Inês de Castro.

 A história de Inês de Castro
D. Inês de Castro era uma fidalga galega, que fez parte da comitiva da infanta D. Constança de Castela, quando esta, em 1340, se deslocou a Portugal para casar com o príncipe D. Pedro. A beleza singular de D. Inês despertou desde logo a atenção do príncipe, que veio a apaixonar-se profundamente por ela. Desta paixão nasceu entre D. Pedro e D. Inês uma ligação amorosa que provocou escândalo na Corte portuguesa, motivo por que o rei resolveu intervir, expulsando do reino Inês de Castro, que veio a instalar-se no castelo de Albuquerque, na fronteira de Espanha. D. Constança morre de parto em 1345 e a ligação amorosa entre D. Pedro e D. Inês estreita-se ainda mais: contra a determinação do rei, D. Pedro manda que D. Inês regresse a Portugal e instala-a na sua própria casa, onde passam a viver uma vida de marido e mulher, de que nascem filhos.
Os conselheiros do rei chamaram a atenção de D. Afonso IV para os perigos que poderiam advir dessa circunstância, uma vez que seria natural antever a possibilidade de vir a criar-se uma influência dominante de Castela sobre a política portuguesa. E persuadiram o rei de que esse perigo poderia afastar-se definitivamente; para isso seria necessário matar D. Inês de Castro.
Quando D. Inês soube desta resolução, foi ter com o rei, rodeada dos filhos, para implorar misericórdia, uma vez que ela se considerava isenta de qualquer culpa. Mesmo assim, a execução de D. Inês efectuou-se em 7 de Janeiro de 1355, segundo o ritual e as práticas daquele tempo. Anos depois, em 1360, D. Pedro I, já então rei de Portugal, jurou, perante a sua corte, que havia casado clandestinamente com D. Inês um ano antes da sua morte e coroou-a rainha. Os seus túmulos estão, lado a lado, no Mosteiro de Alcobaça.
Este facto e a trasladação do corpo de Inês fizeram com que a lenda tivesse início.
Túmulo de Inês de Castro,
 Mosteiro de Alcobaça


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Consílio dos Deuses

Consílio dos Deuses, no Olimpo
 O episódio do "Consílio dos Deuses" [canto I -est. 20 a 41] integra o plano dos Deuses  paralelo ao plano da viagem e tem uma função alegórica, servindo para exaltar os feitos dos portugueses e para os engrandecer.
Os portugueses já estavam no Oceano Índico (“Já no largo oceano navegavam”)  e o tempo estava propício à viagem. Enquanto isso, os Deuses iam-se juntando no Olimpo, convocados por Júpiter, cujo objectivo da assembleia-geral era determinar se os portugueses deveriam ou não chegar ao seu tão desejado destino – a Índia.
Quem presidiu a reunião foi Júpiter, o deus de todos os Deuses, e todos eles estavam sentados de acordo com a hierarquia divina, ou seja , desde os mais importantes aos menos importantes.

  • Aqui tens uma ficha informativa com a análise de cada uma das estrofes/estâncias do episódio do Consílio dos Deuses:
Análise_ Consílio_Deuses

Plano dos Deuses

O  MARAVILHOSO

    Diferentemente de Virgílio e Homero, Camões separa completamente a esfera dos deuses e a esfera histórica desde o princípio ao fim da viagem e da missão de Vasco da Gama. Os homens e os deuses não se tocam. As intervenções de Baco ou de Vénus manifestam-se sob a forma de fenómenos naturais (tempestades, correntes), humanas
(conselheiros pérfidos, cristãos fingidos) ou de sonhos. É Vénus que salva o Gama numa tempestade, mas este não o sabe e agradece-o à Virgem. Camões seguiu com rigor metódico esta regra da separação do mundo maravilhoso e do mundo histórico de modo a 
poder afirmar a verdade histórica do seu poema.
    O Poeta não narra o regresso dos nautas a Lisboa (que segundo os cronistas foi acidentado). Com a partida de Calicute (IX, 16) pôs fim à narrativa histórica. A Ilha dos Amores não é um episódio do regresso: está fora da história, num plano puramente imaginário e simbólico. Os heróis encontram as deusas, casam com elas, tornando-se epopeia e dotados de atributos divinos. O tempo, o espaço, a história e a morte são abolidos.

                                 António José Saraiva, Luís de Camões - Os Lusíadas ( adaptado )
                                                    in Língua Portuguesa  -  9º ano, pág.274

Canto I - Início da narração

A armada de Vasco da Gama
Eis o 1º verso da estância 19:  “Já no largo oceano navegavam”.  

Como sabes, nesta estância inicia-se a narração da viagem de Vasco da Gama, referindo que a arrmada já se encontra  no Oceano Índico e o tempo está propício à viagem  (no momento em que os Deuses do Olimpo se reúnem em Consílio convocado por Júpiter, para decidirem se os Portugueses deverão chegar à Índia.).

 Aqui fica uma a breve análise da estância 19.

Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteu são cortadas,

Assunto:

Nesta estrofe tem início a narração.
Encontramos a armada de Vasco da Gama no Oceano Índico, no canal de Moçambique – entre a costa etiópica e a Ilha de São Lourenço.
Esta foi a forma que Camões encontrou de respeitar uma das leis da epopeia clássica: iniciar a narração a meio da acção (“in medias res”).

A viagem decorria calmamente, com vento favorável.
Esta ideia é transmitida através do uso alternado dos verbos no pretérito imperfeito do indicativo (navegavam / respiravam / mostravam) e do gerúndio (apartando/ inchando) aos quais se junta o advérbio de modo (brandamente) e a perifrástica (vão cortando).
Desta associação resulta a ideia do movimento calmo e contínuo das naus que deslizam suavemente nas ondas inquietas.
Esta tranquilidade na viagem é reforçada pela ideia de que o mar só tem ondulação onde as proas passam e pela observação de que era possível ver os peixes a nadar no mar.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Análise da Proposição

Os Lusiadas-Analise Da Proposicao

A epopeia de Camões

Uma ficha informativa com a definição de epopeia, com a indicação das epopeias que Camões utilizou como fonte para escrever Os Lusíadas,com a estrutura interna e externa do poema épico camoniano e, ainda, com os diferentes planos- da viagem, mitológico, do poeta e da História:
Os_Lusiadas_-_Estrutura_e_Planos

sábado, 29 de janeiro de 2011

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

O astronauta e o homem dos Descobrimentos

Capa do CD "Por este rio acima", de Fausto

Pretender-se-á estabelecer um paralelo entre os navegadores da época dos Descobrimentos e os astronautas, na medida em que ambos enfrentaram o desconhecido e “abriram novos mundos ao mundo”.
Há, no entanto, quem considere que os dois feitos não são comparáveis.
É o que nos diz Rómulo de Carvalho (António Gedeão) no texto seguinte:


"Tem-se chamado à conquista espacial a maior aventura do Homem. Sem pretender percutir a corda patriótica quer-me parecer que a maior aventura do Homem continua a ser a dos Descobrimentos. Se fosse possível pôr as duas situações históricas a par e dar a escolher a um homem consciente delas, ou entrar na caravela para navegar no oceano encapelado e desconhecido, ou entrar no foguetão para dar tantas voltas à Terra e regressar, o natural seria desejar ser posto em órbita. O homem que navega no espaço continua em íntimo contacto com o planeta de que se afastou, comunica com ele, fala com os que cá ficaram, ouve e responde, recebe ordens, diz gracejos em prosa ou em verso e tem a certeza de que a probabilidade de sofrer um desastre é extremamente pequena porque vai amparado com todo o poderoso saber da técnica e sabe que todos têm os olhos ou o pensamento nele para o socorrerem, se for preciso. Esses não estão sós, nem perdidos, nem aflitos. Estão a executar uma missão de alta relevância, em que o mínimo depende deles próprios e o máximo dos que estão ausentes mas a observá-los.
Que diferença para os navegadores dos Descobrimentos! Esses saíam do Restelo e enquanto vissem a orla da praia estavam ligados ao mundo; mas, desaparecida ela, eram homens totalmente perdidos de quem ninguém mais sabia nem os outros deles nem eles dos outros. Cada um dos que ficavam ia à sua vida pelas ruelas da cidade moirejando o seu pão e eles, os navegadores, tanto podiam ir para o fundo das águas, como arribarem nas ilhas verdes e
serem cortados às postas, como tornarem-se reis dos indígenas, que ninguém sabia de nada. Era o abandono total. Era a fome, a sede, o escorbuto, a agonia, a revolta, a traição, a morte lenta e raivosa, sem remissão possível, o bambolear enjoativo e incansável do madeiro sobre as águas. Passavam-se meses, um ano, dois anos. Às vezes sucedia voltarem e então vinham contar o que tinham passado. Tinham passado a maior aventura de todos os tempos, e, além disso, vinham sabendo que havia no mundo homens de outras cores, organizados segundo outras formas de sociedade, em que a moral era diferente, os valores humanos outros, os deuses outros, e que a Terra era redonda e que girava em torno do Sol como qualquer outro insignificante planeta. Sentavam-se na praia a pensar nisso e tinham nos olhos o brilho de um homem novo.

Rómulo de Carvalho, O Astronauta e o Homem dos Descobrimentos, in O Comércio do Porto (14-06-1966)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Luís Vaz de Camões

Luís Vaz de Camões
Luís Vaz de Camões terá nascido em Lisboa por volta de 1524, de uma família do Norte (Chaves). Viveu algum tempo em Coimbra onde terá frequentado aulas de Humanidades no Mosteiro de Santa Cruz onde tinha um tio padre. Regressou a Lisboa, levando aí uma vida de boémia. Em 1553, depois de ter sido preso devido a uma rixa, parte para a Índia. Fixou-se na cidade de Goa onde terá escrito grande parte da sua obra. Regressa a Portugal em 1569, pobre e doente, conseguindo publicar Os Lusíadas em 1572 graças à influência de alguns amigos junto do rei D. Sebastião. Faleceu em Lisboa no dia 10 de Junho de 1580. É considerado o maior poeta português, situando-se a sua obra entre o Classicismo e o Maneirismo.
Algumas obras: Os Lusíadas (1572), Rimas (1595), El-Rei Seleuco (1587), Auto de Filodemo (1587) e Anfitriões (1587).

Texto gravado
Luís Vaz de Camões

Vencedores do Concurso Nacional de Leitura - 1ª fase

Pela segunda vez consecutiva, os alunos do 3.º ciclo da nossa escola concorreram ao Concurso Nacional de Leitura e realizaram as provas eliminatórias da 1.ª fase, no dia 10 de Janeiro, com o objectivo de apurar os três concorrentes deste nível de ensino, a quem caberá representar o nosso Agrupamento na fase distrital.
Elaboradas pelo grupo disciplinar de Língua Portuguesa, as provas escritas eram constituídas por um questionário de escolha múltipla e  por outro de preeenchimento de espaços para cada obra a concurso.
Corrigidas as provas e analisados os resultados, foram seleccionados os alunos que obtiveram a maior pontuação.
Assim, estarão presentes na 2.ª fase distrital  que decorrerá, durante o 2.º período lectivo, em data a estipular pela Biblioteca Municipal convidada.
A equipa da BE/CRE felicita todos os participantes que estiveram à altura deste desafio, pela qualidade das suas participações e pela adesão registada.
Eis os vencedores:
CNL- VENCEDORES_10_11

domingo, 9 de janeiro de 2011

Representação da peça "Auto da Barca do Inferno"

Claustro do Mosteiro dos Jerónimos- Belém
Todos os pretextos são bons para ir ao teatro, mas,  na sequência do estudo de um texto dramático, é quase imprescindível assistir a uma representação, num palco a sério, com actores de "voz e osso".
A ida ao teatro com os alunos do 9º ano (e com os outros anos) já é habitual e vem sempre a propósito do estudo da peça vicentina O Auto da Barca do Inferno ou como motivação para a mesma ou como consolidação de conhecimentos. Corresponde também ao convite endereçado à escola por diferentes companhias para apresentarem as suas adaptações da obra.
Desta feita, optou-se pelo espectáculo teatral, no Claustro do Mosteiro dos Jerónimos, num belo e inconfundível cenário natural a cargo da companhia Ar de Filmes.
A representação da peça, tal como se esperava, acabou por se revelar uma importante estratégia de sistematização de conteúdos programáticos adquiridos e, igualmente, de motivação para posteriores idas ao teatro.
 Assim, possibilitou, por um lado, uma melhor assimilação das matérias abordados nas aulas, aquando da análise de cada uma das cenas e das apresentações dos trabalhos de grupo e, por outro, permitiu que os alunos se apercebessem de todas as potencialidades teatrais do texto vicentino.
Deste modo, a crítica mordaz, inteligente e intemporal que Gil Vicente fez à sociedade do seu tempo, libertando-se das naturais limitações que a simples leitura do texto impõe, tornou-se mais clara e perceptível por todos.
Denotando respeito pela intencionalidade do autor e recorrendo ao cenário e à luz naturais e, ainda, à interacção com o jovem público, os actores, vestidos a rigor, com muita sensibilidade e profissionalismo, souberam tirar partido da riqueza excepcional da obra e proporcionaram uma abordagem didáctica divertida e única, conseguindo que o espectáculo cativasse todos aqueles que tiveram a oportunidade de o presenciar, alunos e professores. 

Algumas imagens da representação...
O Diabo no Claustro
O Diabo em cena
 
O Diabo e o Corregedor 
O Diabo e o Onzeneiro