sábado, 29 de janeiro de 2011

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

O astronauta e o homem dos Descobrimentos

Capa do CD "Por este rio acima", de Fausto

Pretender-se-á estabelecer um paralelo entre os navegadores da época dos Descobrimentos e os astronautas, na medida em que ambos enfrentaram o desconhecido e “abriram novos mundos ao mundo”.
Há, no entanto, quem considere que os dois feitos não são comparáveis.
É o que nos diz Rómulo de Carvalho (António Gedeão) no texto seguinte:


"Tem-se chamado à conquista espacial a maior aventura do Homem. Sem pretender percutir a corda patriótica quer-me parecer que a maior aventura do Homem continua a ser a dos Descobrimentos. Se fosse possível pôr as duas situações históricas a par e dar a escolher a um homem consciente delas, ou entrar na caravela para navegar no oceano encapelado e desconhecido, ou entrar no foguetão para dar tantas voltas à Terra e regressar, o natural seria desejar ser posto em órbita. O homem que navega no espaço continua em íntimo contacto com o planeta de que se afastou, comunica com ele, fala com os que cá ficaram, ouve e responde, recebe ordens, diz gracejos em prosa ou em verso e tem a certeza de que a probabilidade de sofrer um desastre é extremamente pequena porque vai amparado com todo o poderoso saber da técnica e sabe que todos têm os olhos ou o pensamento nele para o socorrerem, se for preciso. Esses não estão sós, nem perdidos, nem aflitos. Estão a executar uma missão de alta relevância, em que o mínimo depende deles próprios e o máximo dos que estão ausentes mas a observá-los.
Que diferença para os navegadores dos Descobrimentos! Esses saíam do Restelo e enquanto vissem a orla da praia estavam ligados ao mundo; mas, desaparecida ela, eram homens totalmente perdidos de quem ninguém mais sabia nem os outros deles nem eles dos outros. Cada um dos que ficavam ia à sua vida pelas ruelas da cidade moirejando o seu pão e eles, os navegadores, tanto podiam ir para o fundo das águas, como arribarem nas ilhas verdes e
serem cortados às postas, como tornarem-se reis dos indígenas, que ninguém sabia de nada. Era o abandono total. Era a fome, a sede, o escorbuto, a agonia, a revolta, a traição, a morte lenta e raivosa, sem remissão possível, o bambolear enjoativo e incansável do madeiro sobre as águas. Passavam-se meses, um ano, dois anos. Às vezes sucedia voltarem e então vinham contar o que tinham passado. Tinham passado a maior aventura de todos os tempos, e, além disso, vinham sabendo que havia no mundo homens de outras cores, organizados segundo outras formas de sociedade, em que a moral era diferente, os valores humanos outros, os deuses outros, e que a Terra era redonda e que girava em torno do Sol como qualquer outro insignificante planeta. Sentavam-se na praia a pensar nisso e tinham nos olhos o brilho de um homem novo.

Rómulo de Carvalho, O Astronauta e o Homem dos Descobrimentos, in O Comércio do Porto (14-06-1966)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Luís Vaz de Camões

Luís Vaz de Camões
Luís Vaz de Camões terá nascido em Lisboa por volta de 1524, de uma família do Norte (Chaves). Viveu algum tempo em Coimbra onde terá frequentado aulas de Humanidades no Mosteiro de Santa Cruz onde tinha um tio padre. Regressou a Lisboa, levando aí uma vida de boémia. Em 1553, depois de ter sido preso devido a uma rixa, parte para a Índia. Fixou-se na cidade de Goa onde terá escrito grande parte da sua obra. Regressa a Portugal em 1569, pobre e doente, conseguindo publicar Os Lusíadas em 1572 graças à influência de alguns amigos junto do rei D. Sebastião. Faleceu em Lisboa no dia 10 de Junho de 1580. É considerado o maior poeta português, situando-se a sua obra entre o Classicismo e o Maneirismo.
Algumas obras: Os Lusíadas (1572), Rimas (1595), El-Rei Seleuco (1587), Auto de Filodemo (1587) e Anfitriões (1587).

Texto gravado
Luís Vaz de Camões

Vencedores do Concurso Nacional de Leitura - 1ª fase

Pela segunda vez consecutiva, os alunos do 3.º ciclo da nossa escola concorreram ao Concurso Nacional de Leitura e realizaram as provas eliminatórias da 1.ª fase, no dia 10 de Janeiro, com o objectivo de apurar os três concorrentes deste nível de ensino, a quem caberá representar o nosso Agrupamento na fase distrital.
Elaboradas pelo grupo disciplinar de Língua Portuguesa, as provas escritas eram constituídas por um questionário de escolha múltipla e  por outro de preeenchimento de espaços para cada obra a concurso.
Corrigidas as provas e analisados os resultados, foram seleccionados os alunos que obtiveram a maior pontuação.
Assim, estarão presentes na 2.ª fase distrital  que decorrerá, durante o 2.º período lectivo, em data a estipular pela Biblioteca Municipal convidada.
A equipa da BE/CRE felicita todos os participantes que estiveram à altura deste desafio, pela qualidade das suas participações e pela adesão registada.
Eis os vencedores:
CNL- VENCEDORES_10_11

domingo, 9 de janeiro de 2011

Representação da peça "Auto da Barca do Inferno"

Claustro do Mosteiro dos Jerónimos- Belém
Todos os pretextos são bons para ir ao teatro, mas,  na sequência do estudo de um texto dramático, é quase imprescindível assistir a uma representação, num palco a sério, com actores de "voz e osso".
A ida ao teatro com os alunos do 9º ano (e com os outros anos) já é habitual e vem sempre a propósito do estudo da peça vicentina O Auto da Barca do Inferno ou como motivação para a mesma ou como consolidação de conhecimentos. Corresponde também ao convite endereçado à escola por diferentes companhias para apresentarem as suas adaptações da obra.
Desta feita, optou-se pelo espectáculo teatral, no Claustro do Mosteiro dos Jerónimos, num belo e inconfundível cenário natural a cargo da companhia Ar de Filmes.
A representação da peça, tal como se esperava, acabou por se revelar uma importante estratégia de sistematização de conteúdos programáticos adquiridos e, igualmente, de motivação para posteriores idas ao teatro.
 Assim, possibilitou, por um lado, uma melhor assimilação das matérias abordados nas aulas, aquando da análise de cada uma das cenas e das apresentações dos trabalhos de grupo e, por outro, permitiu que os alunos se apercebessem de todas as potencialidades teatrais do texto vicentino.
Deste modo, a crítica mordaz, inteligente e intemporal que Gil Vicente fez à sociedade do seu tempo, libertando-se das naturais limitações que a simples leitura do texto impõe, tornou-se mais clara e perceptível por todos.
Denotando respeito pela intencionalidade do autor e recorrendo ao cenário e à luz naturais e, ainda, à interacção com o jovem público, os actores, vestidos a rigor, com muita sensibilidade e profissionalismo, souberam tirar partido da riqueza excepcional da obra e proporcionaram uma abordagem didáctica divertida e única, conseguindo que o espectáculo cativasse todos aqueles que tiveram a oportunidade de o presenciar, alunos e professores. 

Algumas imagens da representação...
O Diabo no Claustro
O Diabo em cena
 
O Diabo e o Corregedor 
O Diabo e o Onzeneiro